Parte 3/12
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Assisti os filmes do Roberto Carlos na TV, e fazia tudo pra não perder os Três Patetas, Zorro, Perdidos no Espaço e Rin-tin-tin; minha irmã preferia ver Túnel do Tempo e Terra de Gigantes, enquanto meu pai gostava mais de Bonanza e Bat Masterson. Eu cantei "debaixo dos caracóis dos seus cabelos", do Roberto, e "sem lenço e sem documento, nada no bolso ou nas mãos", do Caetano.
Vi a primeira versão de Vila Sésamo, com Garibaldo, Gugu, Ênio e Beto (vai ver que é por isso que eu gosto tanto de biscoooooitos). Eu assisti o primeiro Fantástico! E não perdia por nada "Os 4 bonecos músicos de Bremen". E eu gostava das entrevistas do Hélio Costa. Eu vi Uri Geller entortar garfos na TV! Assistia Flávio Cavalcânti quando ele não "mandava retirar as crianças da sala"! Adorava também ver a Pantera Cor-de-rosa. Nem prestei muita atenção nas Olimpíadas de 72 e no assassinato dos atletas em Israel; mas gostava de deitar na rede e ouvir os programas de rádio AM à tarde. Toda semana ou quinzena (não me lembro) meu pai trazia uma revista Recreio nova! Sempre tinha coisas para cortar e montar — eu achava o máximo... e passava horas brincando.
Eu tinha enciclopédias em casa, e curso de inglês em disquinhos compactos. Meus vizinhos vinham pedir ajuda quando tinham pesquisas escolares para fazer. Regularmente, eu lia alguma coisa nas revistas Manchete e O Cruzeiro, geralmente, no barbeiro — por hábito do meu pai, meu cabelo era cortado a cada 2 semanas, junto com o dele! Tênis? Jeans? Cueca Zorba? Que nada! Era sapato social, calça de tergal (feita em alfaiate) e cuequinha samba-canção... tudo nos mesmos moldes do meu velho pai! E eu achava normal... mas, todo mundo na minha rua me achava "diferente", esquisito.
Enquanto meus vizinhos tinham carrinhos de rolemã, eu tinha uma patinete azul, toda de metal, com pneus e freio! Eles jogavam bola no "Bananal" mas meu pai não costumava deixar eu ir com eles — e eu acabei virando um "perna-de pau"! Eu vi o Brasil deixar de ganhar a Copa de 74. Mas as minhas atenções eram para os times locais desde antes do Brasil ganhar o tri. em 1970. E adotei o Cruzeiro como meu time — com Raul, Tostão, Piazza e outros mais — e tinha até um pôster do campeão na parede do meu quarto. Os filhos dos vizinhos soltavam papagaio; eu ficava em casa lendo e me distraindo com experiências químico-físicas de uma coleção chamada "Os cientistas" — quando as substâncias ou os procedimentos eram mais perigosos, meu pai fazia junto comigo. Eu me sentia uma criança feliz!
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