Parte 10/12
Início - 1/12
Eu viajei bastante, eu conheci muita gente bacana, eu transformei alunos e colegas de trabalho em grandes amigos. Eu continuei crescendo... como profissional, como pessoa, como um ser humano digno.
Um dia, depois de ter trabalhado o dia anterior e a noite toda em um cliente, eu vi um herói morrer... no dia do trabalhador, numa curva em Ímola, a mais de 300 km/h. Não pude deixar de lembrar do meu acidente e, por mais tragicômico que possa parecer, decidi não mais me matar de trabalhar. Reduzi as viagens, neguei serviços, recusei promoções que me mandariam para longe, e perdi muitas oportunidades, é certo... mas pude ficar perto dos meus filhos e vê-los crescer ao meu lado. Entendi que o que aprendi na escola da administração de recursos humanos é verdade: qualidade de vida é essencial!
Eu vi a moeda (CR$) ceder o lugar para a URV, e esta, para o Real. Eu vi a inflação se estabilizar. Eu pude comprar coisas importadas com uma moeda mais forte que o dólar! Eu vi meus filhos crescendo, num mundo protegido e bem cuidado. Eu vi meus filhos aprendendo coisas que eu não consegui aprender... logo, eu os vi realizando alguns dos meus antigos sonhos! E descobri mais um sentido para a vida.
Eu descobri um problema congênito no coração e, na decisão de corrigi-lo, acabei assustando a mim e a muitos — mais uma vez, Deus me mostrou que ainda não era a minha hora. Mas eu também percebi que nem toda solução é definitiva, e aquela não vingou tempo suficiente para me trazer tranqüilidade plena.
Não demorou muito para eu entender, de novo, o que é perder uma pessoa da família. Vi uma doença maldita corroer o corpo do meu pai em poucos meses, e pude tê-lo perto de mim até o seu último dia. Eu mudei alguns de meus conceitos, eu perdi alguns valores e ganhei outros. Mas eu continuei meu crescimento.
Eu vi um novo século e um novo milênio nascendo! Eu senti dificuldades de toda sorte me cercando. Eu vi o mesmo mal que matou meu pai destruir minha mãe ao longo de 13 ou 14 anos. E eu chorei escondido muitas vezes... porque não havia como reverter o processo. Até que eu também a perdi para sempre. E eu, por vezes, me senti sozinho... absolutamente sozinho num mundo onde todas as responsabilidades pareciam ser minhas!
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